sábado, 31 de dezembro de 2011

dói.

[inspira]
e ainda dói mais do que eu esperava
[expira]
mais do que eu poderia prever ou imaginar
[inspira]
reaprender a respirar é muito mais difícil do que parece
[expira]
mas a gente sobrevive. e reaprende
[inspira]
pode não ser do melhor jeito, ou do mais confortável, mas a gente vai se adaptando
[expira]
quando não se tem mais nada a perder fica mais fácil lutar. e fica mais fácil desistir.
porque ainda existem aqueles momentos em que você não lembra como se inspira ou expira e simplesmente para de respirar.
mas o mundo a sua volta continua se movendo. e respirando.





eu espero conseguir respirar melhor em 2012.




domingo, 27 de novembro de 2011

C6H12O6(s) + 6 O2(g) ↔ 6 CO2(g) + 6 H2O (l) + TRILHAS SONORAS > s2

Hoje tivemos uma performance particular.
Queimar virou um vício, uma forma de libertação.
Já que eu não posso te esquecer eu posso eliminar os resquícios.
Foi um dia importante para você, um dia de mudanças, um dia. Mas para mim deste então, tudo está em um constante estado de mudanças, de fluidez, nada mais é solido ao meu redor.
Enquanto sofremos por pequenos abandonos há quem chore a perda de mais de meio século de convivência. Me pergunto se ainda restará esse tipo de relação nos próximos tempos, onde pessoas desejam dividir suas vidas umas com as outras.
Os 4 espectadores do fogo não precisavam falar absolutamente nada.


I cry when I listen to you breathing,
because I know there's nothing else that conjurs up that crushing feeling
To know there's no connection left,
that we're both going through the motions,
that we're both living somewhere else
And the movie on your eyelids,
there's no reflection of myself
[Placebo - The Movie on your eyelids]

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Palavras, ele diz que sabe que são palavras.

Lugar fechado. Tudo precisava ser conhecido para dizer que é conhecido. Não há nada mais do que foi dito. Além do que foi dito não há nada. O que acontece na arena não é dito. O que precisa ser conhecido será. Sem interesses. Nada para imaginar. O lugar consiste de uma arena e um fosso.



02,03 e 04 de Dezembro as 20h

em frente ao terminal SITE do Alto da XV

R. Padre Germano Mayer

ENTRADA FRANCA


Performers Akio Garmatter, Daiane Rafaela, Maíra Godoy e Gabriel Machado.

Texto e direção Semy Monastier

Orientações de Paulo Biscaia, Luciana Barone e Marcio Matanna.


Uma realização do Coletivo Eu Também Quero Um Carrinho de Mercado

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

cy179801

Esse trecho é o principal ponto de partida do livro CY179801.


Sozinho, mas semelhante aos outros, o usuário do não-lugar está com este (ou com os poderes que o governam) em relação contratual. A existência desse contrato lhe é lembrada na oportunidade (o modo de uso do não-lugar é um dos elementos do contrato): a passagem que ele comprou, o cartão que ele deverá apresentar no pedágio, ou mesmo o carrinho que empurra nos corredores do supermercado são a marca mais ou menos forte desse contrato. O contrato sempre tem relação com a identidade individual daquele que o subscreve. Para ter acesso às salas de embarque de um aeroporto, é preciso, antes, apresentar a passagem ao check-in (o nome do passageiro está inscrito nela); a apresentação simultânea, ao contrele da polícia, do visto de embarque e de algum documento de identificação fornece a prova de que o contrato foi respeitado: as exisgências dos diferentes países são diferentes quanto a isso (carteira de identidade, passaporte, passaporte e visto) e é desde a partida que nos asseguramos de que isso foi levado em consideração. O passageiro só conquista, então, seu anonimato após ter fornecido a prova de sua identidade, de certo modo, assinando o contrato. O cliente do supermercado, se paga com cheque ou com o cartão do banco, também declina sua identidade, assim como o usuário da auto-estrada. De certo modo, o usuário do não lugar é sempre obrigado a provar sua inocência. O controle a priori ou a posteriori da identidade e do contrato coloca o espaço do consumo contemporâneo sob o signo do não-lugar: só se tem acesso a ele se inocente. As palavras aqui quase não funcionam mais. Não existe individualização (de direito ao anonimato) sem controle de identidade.

AUGE, Marc. Não-lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade. 1ed. Campinas: Editora Papirus, 1994. p. 93/94

domingo, 2 de outubro de 2011

QUARTA FEIRA




Carrinhos Apresentam Eu Que Não Sou Aí Onde Estou na Mostra de Processos do 4º ano da Faculdade de Artes do Paraná
a Mostra começa a partir das 19h e é gratuita!
Compareçam!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

não lugar

Insipidez de paisagens.

Uma ausência do lugar em si mesmo.

O usuário do não lugar é sempre obrigado a provar sua inocência. Não existe individualização sem controle de identidade.

O passageiro do não lugar faz a experiencia simultânea do presente perpétuo e do encontro de si.

O não lugar é o contrário da utopia: ele existe e não abriga nenhuma sociedade orgânica.

O que é significativo na experiencia do não lugar é sua força de atração inversamente proporcional à atração territorial.

É no anonimato do não lugar que se experimenta solitariamente a comunhão dos destinos humanos


fonte: Não lugares – introdução a uma antropologia da supermodernidade – Marc Augé

terça-feira, 6 de setembro de 2011

um pouco de Site Specific



O termo sítio específico faz menção a obras criadas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se, em geral, de trabalhos planejados - muitas vezes fruto de convites - em local certo, em que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é elaborada.
É possível afirmar ainda que as obras ou instalações site specific remetem à noção de arte pública, que designa, em seu sentido corrente, a arte realizada fora dos espaços tradicionalmente dedicados a ela, os museus e galerias. A ideia que se trata de arte fisicamente acessível, que modifica a paisagem circundante, de modo permanente ou temporário.

Este é um termo mais voltado para as artes visuais, mas vem sendo mais comumente usando em performances e espetáculos de teatro.

fonte: http://www.itaucultural.org.br

domingo, 4 de setembro de 2011

Referências figurino e afins - Eu que não estou aí onde estou


Como não sei usar o weS2it direito, vou postar algumas coisas por aqui mesmo


Capa de um livro do Dave Mackean com Neil Gaiman





João Ruas
(Gosto das imagens meio que se deteriorando, passam pelo hibrido, se mesclam e se dissolvem no papel)


Eric Keller


http://peggykouroumalos.blogspot.com/2011/01/ferine.html


Essa tá no WS2it dos carrinhos, gosto dessa referência pras ombreiras bem mais que elas duras. Acho que dá o contraste entre a ideia fria do militarismo e a ideia frágil do hibrido. Acho bacana.

Enfim, só uma pequena busca de referenciais, dá pra brincar com alguns materiais e ver o que sai disso no fazer.












sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Breath

Hoje a tentação de dar mais um passo foi grande.
pela primeira vez não tive medo.
a vontade era de simplesmente pesar um pouco mais o corpo pra frente e senti-lo no ar.
queria ouvir o barulho. do ar. do chão. dos ossos. da chuva. da música. da dor.
eu me senti estranha. me senti viva quando estava prestes a dar o passo.
(há quanto tempo eu não tinha mais essa sensação?)



.pausa.



braços e mão machucados, mas tudo no lugar.
Ainda não foi dessa vez.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

perdeu a noção do tempo.
perdeu a noção do clima.
já não sabia mais que dia era.
e também já não fazia mais diferença.
seu coração havia parado de bater há dias.
já não sabia quem era.
haviam lhe roubado a identidade.
a sanidade.
já não sabia o que fazer com essa massa disforme que chamavam de corpo nesse lugar apático que chamavam de mundo tentando lidar com essa ausência que chamavam de vida.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

você cansou de contar as mesmas histórias

e de repente sobra um espaço.

Não há a possibilidade de preenchê-lo. Com nada. Com ninguém.

Eu tento ocupá-lo com músicas mentiras pessoas alcool tioridazina sapatos mentiras Citrato de Orfenadrina Dipirona mentiras Cafeína encontros cores camomila cicatrizes cobertores lágrimas cicatrizes mentiras. Dor. Vazio.

Não se enche a ausência com coisas vazias. É inútil.

Eu sinto frio.

Eu tenho medo.

Eu perdi o interesse em outras pessoas

Eu não consigo tomar decisões

nem mesmo meu corpo colabora comigo.

Eu não consigo comer

Eu não consigo dormir

Eu não consigo pensar

Eu não consigo ir além da minha solidão, do meu medo, do meu desgosto

Eu não consigo escrever

Eu não consigo amar


você tirou tudo isso de mim então não pode dizer que se importa.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Lily Everit

Lily Everit quase chegou a rezar para que não viessem incomodá-la.
Ela sentiu a mais estranha mistura de excitação e medo, do desejo de ser deixada sozinha com o anseio de que a tirassem de lá para ser lançada ao fundo escaldantes dos abismos.
Olhando em volta, Lily Everit instintivamente escondeu seu ensaio sobre o Deao Swift, de tão envergonhada que estava agora, e também tão confusa, e na ponta dos pés não obstante para ajustar seu foco e manter as devidas proporções aquelas coisas em constante diminuição e expansão (como chamá-las? -- de pessoas, de impressões das vidas das pessoas?) que pareciam ameaçá-la e sobrepor-se a ela, transformando tudo em água, deixando- lhe apenas o poder de estar acuada.

Estava a ponto de despedaçar-se, sentia uma terrível agonia.

Dela era a inclinação a correr, a meditar em longos passeios solitários, pulando portões, pisando na lama, atravessar a nevoa, ir a lugares onde não ligavam a mínima para o que os seres humanos pensavam a seu respeito e lhe enchiam o espírito de entusiasmo e espanto e a mantinha por La.

Tudo isso até essa noite era o comum em sua vida.

Está é a vida que gostaríamos de levar.

Fosse como fosse, ela nem precisaria pensar.

Ela se satisfez ao dar-se conta de que o mundo estava cheio de coisas sólidas que em nada dependiam de sua vida.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

I touch a red botton

"eu aperto um botão vermelho"

esse é o novo curta de David Lynch, mas também podemos chama-lo de novo clip da música Lights, do último álbum da banda Interpol.
Uma banda que sempre aparece pelos carrinhos.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

the mess in our heads

"Este é o efeito do silêncio, o calor, a penumbra e os odores de minha cama as vezes têm sobre mim. Levanto-me, saio, e esta tudo mudado. Minha cabeça se esvazia de sangue, por todos os lados me assaltam ruídos de coisas se evitando, se juntando, voando em estilhaços, meus olhos procuram em vão semelhanças, cada ponto da minha pele grita uma mensagem diferente, soçobro nos borrifos dos fenômenos. E às voltas com essas sensações, que felizmente sei seriam ilusórias, que tenho de viver e trabalhar. É graças a elas que encontro um sentido pra mim."

MOLLOY - Samuel Beckett

considere este um post triplo.

ela colapsa.

hoje eu perdi a fé na humanidade.
parei de acreditar nas pessoas
DESISTI.
eu quero gritar que a felicidade é uma mentira
que não há mais esperança
e que por mais que todas as pessoas no mundo sejam substituíveis, DÓI.
estou vazia e me sinto sufocada pela imensidão do vazio.
é difícil respirar e meu coração não sabe se bate cada vez mais rápido ou se para de uma vez.
Já não faz mais diferença
as mãos o corpo tremendo o frio o choro nada mais faz diferença
sou apenas mais um corpo na multidão de outros corpos sem motivo pra existir.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Carrinhos Divulgam



PROJETO INTERDISCIPLINAR DE MONTAGENS DA FAP APRESENTA:

ATENTADOS



Texto Martin Crimp
Direção Marcio Matanna
Com os alunos do 4o ano de interpretação teatral

DE 30 DE JUNHO A 03 DE JULHO

TELAB - FAP

sempre as 20h

ENTRADA FRANCA

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Carrinhos apoiam:


Os Magníficos Seres Invertebrados e 18 Mostra de Teatro da FAP apresentam:

O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar
de COPI

Madre- Espere, olha. Ela está abrindo a boca.
Alteregos travestidos e transbordantes. Tecnologia barata. Uma blasfêmia. Um jogo pervertido. Máquinas aplicadas expostas de maneira implacável. A transgressão de gênero é caminho importante para o ciborgue.

Texto: Copi
Criação e Direção: Os Magníficos Seres Invertebrados
Elenco: Juan Precioso, Mamá Polentera, Regininha Charrasqueado e Vera Pequeno
Assistentes de Palco: Tia Ricardina, Tia Guilhermina e Sabrinão do Aborto
Orientação: Henrique Saidel
Luz: Semyramys Monastier
Maquiagem: Daiane Rafaela


Dia 18 de junho - 21 horas
Telab - Teatro Laboratório da FAP
Rua dos Funcionários, 1758, Cabral
ENTRADA FRANCA

segunda-feira, 13 de junho de 2011

E você já não sabe mais quanto tempo faz que está na frente da folha em branco.

Buscando por algum pensamento que ainda não tenha tido. Por alguma frase ainda não escrita.

E nada.

Suas dores ainda são as mesmas. Você ainda precisa gritar abafando com o travesseiro. Você ainda chora escondido. Seus pulsos já estão fracos de tanto segurar a coberta sobre sua cabeça. Mas você certamente já disse tudo isso.

As musicas ainda são as mesmas. E você ainda procura uma maneira de “desaparecer completamente"

domingo, 12 de junho de 2011

what a broken heart means

"O coração é um órgão eminentemente muscular e, como os outros músculos do nosso corpo, ele precisa de um estímulo para funcionar adequadamente. Os estímulos responsáveis pelo batimento cardíaco são representados por uma espécie de "corrente elétrica" que é transmitida por todo o coração, através de estruturas que poderiam ser grosseiramente comparadas a "fios condutores"."
Em alguns casos, por diversos motivos, esse estímulo não é gerado na freqüência correta (podendo ser para mais ou para menos) ou nasce em locais não habituais. Esses estímulos anormais também podem ser conduzidos pelo coração, causando ou não sintomas e podendo levar à morte.



sábado, 11 de junho de 2011


Desintegrando
Palavra nulas
Minha boca mexe mas não diz nada
Não escuto
Não vejo
Não me afeto

Eu poderia passar uma eternidade com as minhas palavras vazias com as minhas palavras sem ar com as minhas palavras destituídas de valor com as minhas palavras secas com as minhas palavras inseguras. Minhas palavras? eu?

Desculpe, mas eu acho que já me desintegrei e não consigo mais ser um sujeito. Sou menos que isso. Minha moléculas estão perdidas na anti-densidade-elétrica e eu não sou mais ninguém.

Imagem: Hans Bellmer

Ânsia pós dramatica

tremo.
tremo de dentro do meu estômago e percorrendo todos os orgãos.
exceto meu coração. ele esta se corroendo com os ácidos mais fortes que a decepção me trouxe.
Vamos nos encontrar.
eu mal posso esperar por socar seu rosto, quebrar seus objetos, chutar os seus rins, gelar suas costelas contra o frio do chão e te fazer chorar.
causar lhe dor.
Te enterrar de ponta cabeça e encher seus pulmões da mais apodrecida terra.
E se um dia te exumarem vão descobrir que no lugar do seu coração só haviam vermes.
E seu pequeno cerebro se localizava em sua glande.

I don`t love you anymore, goodbye.

Fujo deste fuso horario que me enloquece.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Confluências Carrinhistícas


"nada do que estamos fazendo, por mais que seja mesmo muito violento ou doloroso, deixa de ter um sentimento de prazer em dançar, porque fazemos questão de deixar claro que a chave dessa coreografia é a vontade. Vontade de cair, vontade de se chocar, vontade de se mostrar ao público. Daí a vitrine"

Comentário de Alejandro Ahmed sobre o espetáculo Violência (foto), do Grupo Cena 11.

Retirado do Livro "Cena 11: A Dança dos Encéfalos Acesos" de Maíra Spanghero

domingo, 22 de maio de 2011

separação

Eu não gosto dos meus peitos serem muito separados,
das minhas pernas serem muito separadas,
dos meus dentes serem muito separados.

Eu não gosto porque talvez o meu cérebro seja muito separado do meu coração, ou do resto das funções fisiológicas do meu corpo.

Eu não gosto de estar separada das pessoas.

Eu não consigo preencher os espaços.

Eu não gosto de estar separada do amor. Me causa algumas reações alérgicas e inesperadas.

Eu não gosto do esforço que você faz para me repelir da sua vida.

Eu não gosto de saber que você nunca se dá ao trabalho de ler.

Eu não gosto de estar entre a Rússia e o Norte Polar.

eu-não-consigo-preencher-os-espaços.

domingo, 24 de abril de 2011

Princesa dos Campos ou 1979*





É incrível olhar pra gente agora.


*Post em homenagem a carrinhos que fizeram minhas rodinhas serem mais pueris e inocentes.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Unhappy Days

depois de toda tempestade e ímpeto só me resta a apatia.
estou cansando de viver assim.
de ficar tão apática a ponto de não saber qual a próxima coisa que devo fazer.
alguém me indica um caminho?
esse aqui desmoronou

Pra dentro

Eu busco te olhar pra ver se eu caio dentro de você.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Por onde andam os adultos??

Essa espécie parece estar entrando em extinção.
Vejo as pessoas que já estão no seu um quarto de século voltarem a sua adolescência.
Tem funcionado mais ou menos assim, nos formamos, trabalhamos, saímos da casa de nossos pais, arranjamos namorados, e todo final de semana saímos em busca de festas, em busca de conhecer pessoas novas, ficar com pessoas diferentes.[namoro é coisa séria que não mais nos cabe, apenas durante os dias da semana]
Não nos contentamos mais com a mesmice do dia e da noite, não queremos ficar apenas sentados em bares discutindo literatura ou banalidades, porque nós já temos a capacidade de falar de todos os assuntos, mas nada nos interessa.
Ouvimos musica de artistas que também já passaram do seu um quarto de século falarem sobre o tal "teenage dream" e aparentemente é isso que estamos atrás, seja lá o que isso signifique.
A única coisa que consigo perceber é que depois de cumprirmos nossos deveres de filhos, termos nossa independência financeira, algo ainda é desejado, algo ainda não foi vivido.
Deve ser a conseqüência de sermos a geração que nada fez, que não teve ideais, que não lutou por seus direitos a um futuro melhor.
Estamos eternamente presos na ilusão de qua a adolescencia é a melhor fase, uma vida adulta não nos atrai em nada.
Uma crise indissolúvel.
Como disse Beckett, I can’t go on. And I won’t go on.



segunda-feira, 7 de março de 2011

Babe I'm Gonna Leave You

Ir embora não é fácil.
É preciso abrir mão de muitas lembranças até que elas não doam mais.
É preciso apagar todos os contatos pra não correr o risco de mandar mensagens ou telefonar no primeiro impulso, depois do primeiro sonho, da primeira crise
É preciso estar decidido a realmente ir embora. E isso dói.
Não ter despedidas também. Apenas seguir caminhando para o lado oposto sem olhar pra trás é algo que incomoda. E torna o ir embora mais difícil.
Então você começa a escrever cartas, bilhetes, frases, mensagens - que jamais serão enviadas, que jamais chegarão ao seu destino. E você nem gostaria que chegassem. mas precisa disso para aliviar todo esse peso, todo o vazio que toma conta daquele espaço antes preenchido com tanto --
De repente você se vê criando diálogos imaginários em sua mente por não saber lidar com esse vazio. para fazer de conta que não está sozinho.
por muito tempo.
.
Chegou o dia em que isso tudo parou de doer. E hoje é a última vez que escrevo sobre você.
Agora já não faz mais diferença. Hoje eu enterrei todos os meus fantasmas.
Em outras palvras, definitivamente estou indo embora.

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado, são essas suas próprias expressões.

(Mille plateaux - Capitalisme et schizophrénie - Gilles Deleuze, Félix Guattari)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sobre a Dificuldade de se Expressar ou Sobre Meu Neurastênico Amor...


"Ég lamdi eins fast og ég get" (Eu golpeio tão rápido quanto posso)
Hoppípolla - Sigur Ros



Meu Amor é tapa é grito é força. Meu amor é violento virulento destruidor.
Peste.

Meu amor agride.

Meu amor explode em intermináveis silêncios verborrágicos. En-ta-la-a-a-dos. Engasga-a-a-dos.


Não me expresso mais sem perder partes de mim não me expresso mais sem cuspir sem invocar sem violentar sem agredir não me expresso mais sem este olhar rasgante que queima.

Não me expresso mais sem me extinguir.

Morro a cada a manifestação deste amor.
Morro a cada silêncio.
Morro a cada olhar.

Mas é este irreconhecível interminável dolorido doentio esquizofrênico neurastênico crônico amor que me mantém em pé. Que me move.


E que me destrói a cada dia.

*imagem Ato Performático (Maio de 2010)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Faux Départs

Imagination dead imagine.
Imagine a place, that again.
Never ask another question.
Imagine a place, then someone in it, that again.
Crawl out of the frowsy deathbed and drag it to a place to die in.
Out of the door and down the road in the old hat and coat like after the war, no, not that again.
A closed space five foot square by six high, try for him there.
Couldn't have got in, can't get out, did get in, will get out, all right.
Stool, bare walls when the light comes on, women's faces on the walls when the light comes on.
In a corner when the light comes on tattered Syntaxes of Jolly and Draeger Praeger Draeger, all right.
Light off and let him be, sitting on the stool and talking to himself the last person.
Saying, Now here is he, no, Now he is here.
Try as well as sitting standing, walking, kneeling, crawling, lying, creeping, in the dark and the light.
Imagine light.
Imagine light.
No visible source, strong at full, spread all over, no shadow, all six planes shining the same, slow on, ten seconds to full, same off, try that.
Still his crown touches the ceiling, moving not.
Say a lifetime of walking crouched and drawing himself up when brought to a stand.
When it goes out no matter, start again, another place, someone in it, glaring, never see, never find, no end, no matter.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vertigem


State of emergency, how beautiful to be
State of emergency, is where I want to be

(Joga - Björk)

"Aquele que deseja continuamente elevar-se deve esperar um dia pela vertigem. O que é a vertigem? O medo de cair? Mas por que sentimos vertigem num mirante cercado por uma balaustrada? A vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio embaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados."

"No mesmo dia caiu na rua; seu passo tornou-se hesitante; caía quase todos os dias, esbarrava nas coisas ou, na melhor das hipóteses, deixava cair todos os objetos que tinha nas mãos.
Sentia um desejo irresistível de cair. Vivia numa vertigem contínua."

(A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera)

*imagem "Calamity" de Ray Caesar

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Feliz Aniversário

Uma das principais colaboradoras [mesmo que indiretamente algumas vezes] desse Coletivo é a Marilia, do blog http://www.lambidasnautopia.co.nr/ e hoje é seu aniversário!
Então como presente, e parte do meu trabalho desse ano, estou aqui para postar um trecho de um dos Texts For Nothing de Samuel Beckett que eu estou traduzindo!

"Apenas as palavras quebram o silencio, todos os outros sons já cessaram. Se eu fosse silencio, eu ouviria nada. Mas se eu fosse silencio os outros sons poderiam começar de novo, aqueles que as palavras me fizeram surdo, ou aqueles que realmente cessaram. Mas eu sou silencio, e as vezes acontece, não, nunca, nem um segundo. Eu choro muito sem interrupções. É um fluxo inquebrável de palavras e lágrimas. Sem pausas para reflexão. Mas eu falo suavemente, cada ano mais suave. Talvez. Mais devagar também, cada ano um pouco mais devagar. Talvez. É difícil pra mim julgar. Então a pausa poderia ser longa, entre as palavras, as sentenças, as silabas, as lagrimas, eu as confundo, palavras e lágrimas, meu mundo são minhas lágrimas, meus olhos, minha boca. E eu deveria ouvir, a cada pequena pausa, se é o silencio eu digo, quando eu digo que apenas as palavras o quebram."



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ainda sobre 2010...

primeiro eu só queria que o enjôo passasse

findado o comentario sobre estado fisico, vamos finalmente parar de enrolar e tentar escrever sobre os mil sentimentos gerados pela experiência.

Para mim, viajar é sinônimo de experiência.
Uma coisa que sempre teorizo é que um ser humano não pode morrer sem ter passado por 2 experiências naturais: conhecer o infinito que é o mar e sentir a neve.
Agora já estou no grupo dos que podem morrer.
Sensações são tão profundas quanto sentimentos, se não forem mais, ambas são abstratas e concretas ao mesmo tempo e se tornam memória dentro do nosso corpo, em diversos lugares.

Me sinto uma pessoa realizada por ter passado minhas férias com 4 pessoas de extrema importância em meu cotidiano, e ainda mais completa por ter divido com esses os momentos únicos por quais passamos.

Conhecer lugares, naturezas, pessoas, cheiros, gostos é uma experiência individual, que se torna extremamente mais prazerosa quando divida com quem amamos. Assim, minhas sensações ganham maior importância e se tornam sentimentos e nostalgia quando lembro de minhas experiências nos diversos lugares que conheci durante as férias de 2010 e 2011.

Agradeço aos que comigo estavam, e mais ainda aos que por mim esperaram e que de alguma maneira também compartilharam de minhas experiências.

Fica uma dica, sempre leve uma fita crepe em suas viagens, é muito útil!